ROTEIRO
CENA 1 – EXTERIOR – CASA / NOITE
NARRADOR
Inicio do século XX. É noite numa pequena cidade do estado do Ceará. Em uma casa simples, mora o senhor Eugênio, homem trabalhador, que sabe estar preste ficar sem serviço, pela carência do lugar.
CENA 2 – INTERIOR – QUARTO / NOITE
O senhor Eugênio dorme tranquilamente, deitado em uma rede, em seu quarto.
Ele se agita um pouco.
CENA 3 – INTERIOR – QUARTO / NOITE
O Senhor Eugênio sonha com um homem, vestido de branco que está em pé ao lado de uma cruz. O homem de branco mostra para seu Eugênio um rio, uma fonte, um casarão, um pé de croto e uma cruz, aponta para o pé da cruz. Mostra também o pássaro Maguary.
CENA 4 – INTERIOR – QUARTO / DIA
Senhor Eugênio acorda e fica pensativo. Faz um gesto como se não desse importância para seus pensamentos.
CENA 5 – EXTERIOR – NA ROÇA / DIA
SENHOR EUGÊNIO
Bom dia dona Maria! E nosso serviço pra hoje?
DONA MARIA
Mas homi di Deus! Qui serviço? Eu num li disse, eu e meu Zé vamu simbora desse lugá. Pois faça o mermo. Num amarre seu bode aqui não. Vá simbora!
CENA 6 – EXTERIOR – RUA / DIA
Senhor Eugênio caminha com sua maleta e um bilhete de passagem.
CENA 7 – EXTERIOR – TREM / DIA
Senhor Eugênio entra no trem.
CENA 8 – INTERIOR – TREM / DIA
Senhor Eugênio está sentado ao lado do Senhor Marcelino.
SENHOR MARCELINO
Bom dia amigo, está indo pra Bragança?
SENHOR EUGÊNIO
Vou para onde Deus me levar. Vim para o norte, tentar a sorte, quero ver se consigo um trabalho. Lá no Ceará as coisas não estavam muito boas.
SENHOR MARCELINO
Pois começaram a melhorar! Qual a sua graça?
SENHOR EUGÊNIO
Eugênio. E a sua?
SENHOR MARCELINO
José, José Marcelino.Quer trabalhar comigo? Eu estou justamente procurando homens para trabalhar na Quinta Carmita, um sítio que fica aqui pertinho, na Vila do Maguary. A gente desce na Estação Ananindeua e meu pessoal vai estar lá nos esperando.
SENHOR EUGÊNIO
Com muito gosto! Agradeço a Deus por este encontro. Eu estava mesmo indo para essa cidade.
CENA 8 – INTERIOR – SÍTIO / DIA
SENHOR MARCELINO
Seja bem vindo homem. Me dê sua mala e vá se ambientando por aí que eu já volto.
SENHOR EUGÊNIO
Muito grato.
CENA 9 – INTERIOR – SITIO / DIA
Senhor Eugênio caminha pelo sítio e chega na fonte. Tira os sapatos e desce as escadas. Vira-se de frente para a escada e toma um susto. Lembrou do sonho que teve com o homem de branco. O lugar era iguazinho ao do sonho.
CENA 10 – INTERIOR – SITIO / DIA
Senhor Eugênio chega ao pé do velho cruzeiro e começa a cavar. Subitamente ele para de cavar.
SENHOR EUGÊNIO
Meu Deus, o que é que eu to fazendo? Esse povo me recebeu tão bem e eu to aqui escondido tentando desenterrar um tesouro que pertence a eles. Eu não vou fazer isto.
Senhor Eugênio joga a enxada de lado e coloca a mão no rosto e chora. Limpa o rosto com a gola da camisa.
CENA 12 – INTERIOR – CASA / NOITE
Senhor Eugênio dorme em uma cama e fica agitado como que está tendo pesadelos.
CENA 13 – INTERIOR – SITIO / DIA
Senhor Eugênio começa a andar ligeiro de um lado para o outro, esconde-se entre as árvores e mostra-se perturbado.
CENA 14 – EXTERIOR – SITIO / DIA
Senhor Eugênio está sendo observado por dona Tereza e dona Edite.
DONA TEREZA
Comadre Edite, o que aconteceu com o seu Eugênio?
DONA EDITE
É, ele tá esquisito. O povo anda dizendo que ele teve um sonho misterioso.
DONA TEREZA
Que sonho?
DONA EDITE
Num sei cumadre, só sei que o povo fala que ele é o pai do tesouro.
DONA TEREZA
Que tesouro é esse?
DONA EDITE
O tesouro do Maguary.
CENA 15 – EXTERIOR – CASA / DIA
Em frente a casa grande, sentado em uma cadeira, lendo um livro, está o senhor Claudio.
Chega o senhor Marcelino.
SENHOR MARCELINO
Bom dia seu Claudio!
SENHOR CLAUDIO
Bom dia amigo!
SENHOR MARCELINO
Faz dias que eu não vejo o seu Eugênio. Por acaso o senhor não ouviu alguma coisa por aí?
SENHOR CLAUDIO
Ontem veio aqui um moleque e me contou desse sumiço. O povo anda dizendo que o seu Eugênio nunca mais vai voltar.
SENHOR MARCELINO
Eu sabia.