Uma viagem ao mundo Ananin! Convite.

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Convido-o a despir-se de tudo que já viu, ouviu ou leu sobre Ananindeua. Liberte o sentimento mais profundo diante da onipotência Divina, confiando que fará uma viagem a bordo de um veículo exclusivamente seu: a alma. Venha sem armas, de mãos limpas e pés descalços, compartilhe conosco o verdadeiro sentido da liberdade, da amizade e do amor ao próximo.



Colonização

HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO DE ANANINDEUA

1710 – De acordo com narrativas orais dos moradores da Colônia Agricola do Abacatal, em especial de Dona Susana, em 2006, 1710 é o ano que marca a origem da comunidade, que está ligada aos vários engenhos de cana-de-açúcar que existiram ao longo dos séculos XVIII e XIX nas proximidades de Belém, às margens de rios como o Guamá, Bujaru, Acará e Moju. O ano de 1710 é questionavel por um trabalho realizado pela Ufpa e o resultado mostrado no livro ¨No caminho das pedras do Abacatal¨, de Rosa A. Marin e Edna Castro.

O Engenho do Uriboca, de propriedade de Antonio Conde Coma Mello, era uma dessas propriedades e é nele que se inicia a história da comunidade quilombola de Abacatal. As terras da comunidade foram deixadas como herança por Coma Mello para suas filhas: Maria do Ó Rosa de Moraes, Maria Filismina Barbosa, Maria Margarida Rodrigues da Costa, as "Três Marias" como eram chamadas, fruto de seus relacionamento com sua escrava Olímpia.
A memória desta época está materializada no Caminho das Pedras construído pelos escravos da antiga fazenda ligando o igarapé Uriboquinha à casa de Coma Mello.

Após muita luta, finalmente em 1999, é entregue o titulo de terra, aos moradores da Colônia Agrícola do Abacatal.

1835 à 1840 – na cidade de Belém, negros, índios e mestiços insurgiram-se contra a elite política e tomaram o poder no Pará, revoltados com a extrema pobreza das populações ribeirinhas e a irrelevância política à qual a província foi relegada após a independência do Brasil. A partir de então lutas são travadas e vidas são sacrificadas. Surge o movimento que conhecemos como Cabanagem.
E é nesse clima que forma-se gradativamente o processo de colonização urbana do município de Ananindeua, pelos ribeirinhos provenientes de varias localidades do Pará e se estabeleceram as margens do Rio Maguari Assu.

O nome Maguari foi adotado pelos nativos e pescadores da vila do Maguari, devido ao hábito deste pássaro aparecer às proximidades de um igarapé existente no local conhecido como “cachoeirinha”.

É grande a influencia que o “pássaro Maguari” exerceu na comunidade Maguariense e, estando presente em toda a sua história, tais como: o surgimento da Vila Maguary; o principal rio que serve ao Município; A indústria de curtimento de couro Maguary; a comercialização da primeira água mineral distribuída no Estado do Pará, a Água Maguary; ao principal açude, Açude Maguary e o primeiro time de futebol do Município, o Clube Maguary.

Maguari (Ardea cocoi L.)

Ave ciconiiformes, ou seja, ave ribeirinha por viver as margens dos igarapés, rios e lagos, da família dos Ardeidae (garças e socós) de costume migratório.

Suas características são:

• Ave pernalta de grande porte, chegando a medir 1,30cm;

• Cabeça e pescoço de cor branca;

• Bico pontiagudo de cor amarelada e escura na base, com 13cm de comprimento;

• Pescoço longo;

• Olhos esverdeados e circundantes de amarelo;

• Peito estreito e empenado;

• Plumagem do corpo vai de cinzenta a cinza azulada e, preto no alto da cabeça, rêmiges, lado do peito e cauda igualmente pretos;

• Abdômen branco e voz rouca e sonora.

O Maguari é encontrado nos manguezais e áreas adjacentes na costa norte brasileira: costa norte Amapaense, baixadas Maranhenses, Ilha do Cajual (MA), Delta do Parnaíba, estuário do rio Amazonas, região do Salgado paraenses + reentrâncias Maranhenses. A ave é especializada na captura de peixes ou invertebrados bentônicos.

Escreve-se a palavra Maguari/Maguary de duas formas: Maguary final com “y” é devido a influencia estrangeira na tradução da língua indígena. Maguari final “i” é devido ao som do “i” nativo que se aproxima da linguagem regional, é a forma mais correta.

1850 – Foram chegando os colonizadores primeiros proprietários de terras a se estabelecerem no Maguary, áreas do Distrito Industrial e Mocajatuba

1856 – Registro de terra mais antigo, de Francisco Gregório

Em 1883, Coutinho de N. L. registra as terras do Curuçambá.

1884 – Inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Belém Bragança, entre são Braz e Benevides. Instalação da estação Ananindeua, que era a segunda parada do trem.

O nome Ananindeua está intimamente ligado à essa parada do trem, onde existiam muitos pés de uma árvore chamada ANANIN + sufixo DEUA. Esse sufixo é de origem indígena (Tupy), que sofreu alteração na sua escrita ao longo do tempo e significa abundância. 

O nome de alguns municípios paraenses também tem um sufixo que significa abundância, como Ajuruteua , Marituba, etc. Então observe que deua, teua e tuba significam a mesma coisa: Ajuruteua é lugar de muito Ajuru e Marituba é lugar de muito Mari. Isso chama-se metaplasmo,  nome que se dá às alterações fonéticas que ocorrem em determinadas palavras ao longo da evolução de uma língua.
1964 – Em 26 de dezembro ficou estabelecido que 31 de dezembro seria a data máxima de funcionamento da EFB determinada pelo Gov. Federal.

Em 1959, último ano de governo do presidente Juscelino Kubichek, foi projetada a rodovia BR 316, que liga Belém, capital do Pará, a Maceió, capital de Alagoas. E PAVIMENTADA no governo de Emílio G. Medici (1969/1974)

1890 - partir de 1890, tem-se o povoamento das ilhas de Sassunema (1894), Ilha do Roldão (atual ilha de Santa Rosa) (1895), Ilha do Mutum (1896).

1894 – Chegada de José Marcelino de Oliveira ao Maguary

A primeira escola do município. A Quinta Carmita foi construída em um terreno de natureza abundante às margens do Maguary Assu. Quem mandou construir a escola foi José Marcelino de Oliveira que se estabeleceu na localidade depois de vir do município do Acará. Na Quinta Carmita, os alunos contavam com a formação cristã, idiomas, música, canto, pintura e pirogravura. A escola era direcionada para alunos das famílias tradicionais de Belém.

Em 1921 o terreno da escola foi transformado em uma granja onde havia a criação de galinhas, a comercialização do leite e da primeira marca de água mineral do Estado: a água Maguary, extraída da fonte existente no terreno.

A área onde existia a Quinta Carmita era constituída por um bosque de árvores frutíferas que ladeava o rio Maguari. O casarão da escola era feito todo em madeira e chamava atenção pela beleza da arquitetura da época

1916 – Instalação do Curtume Maguary

O Curtume Maguary pertencia ao português Mário Almeida, adquirido pelo inglês Claude W. T. Saunders, conhecido como Cláudio Saunders, em 1 de março de 1916.

A Vila Maguary possuía além das moradias, cinema, cantina, escola, posto médico, centro de recreação, clube, hotel, tiro de guerra.

Para ser um operário do Curtume era preciso ser católico praticante e ir todo os domingos a missa.

Na Vila Maguary era proibido pelo seu proprietário a venda de bebidas alcoólicas. Certa vez um operário bebeu e chegou porre na “zona proibida”, sendo considerado um escândalo, que motivou a sua dispensa.

As terras do Curtume Maguary abrangiam terras da Cidade Nova, Guajará e PAAR.

Em 1926, o Sr. Saunders mandou construir uma estrada que saia do Curtume e seguia pelo Itabira onde atravessava uma ponte sobre o igarapé Maguari, alcançando as matas do 40 Horas saindo na Providência (ao lado do atual viaduto do Coqueiro). A estrada era considerada particular, pois o Curtume construiu uma casa próximo ao porto e, colocou uma corrente com cadeado, para passar era preciso ter ordem do Escritório Maguary, a pessoa encarregada de cumprir essa determinação era a dona Luiza.
A estrada da Providência construída pelo Saunders recebeu este nome em virtude da existência do Colégio de freiras Providência, existente desde a época da cabanagem, em estrutura de aço pertencente ao Arcebispado do Pará, adquirida pelo Saunders para a construção da sede industrial.
A segunda estrada a ser construída foi a atual Av. Claudio Saunders, que inicia na Vila Maguari e terminava na parada de Ananindeua na Estrada de Ferro de Bragança. Após a inauguração haviam disputa de corridas de cavalo pela nata da sociedade Maguariense.
Saunders faleceu no dia 21 de janeiro de 1946 na Santa Casa de Misericórdia do Pará, após algumas cirurgias para tratar de um câncer próximo ao joelho e depois de outro no intestino. Seu corpo foi velado na Igreja do Maguary e enterrado no cemitério de Ananindeua.
Em 1920, é construído o primeiro núcleo religioso urbano do município - Capela de N. Sra. das Graças.

Em 1943, Ananindeua torna-se Município através do Decreto-Lei nº 4.505, cuja a instalação ocorreu em 3 de janeiro de 1944. Nesse momento foi nomeado como Prefeito o Exmo. Sr. Claudomiro Belém de Nazaré. Somente em 1948 o povo elege seu Prefeito, o Rxmo. Sr. João Alves de Andrade.

Em 1970, inicia-se a instalação do Parque Industrial de Ananindeua.

Em 1974, a Bandeira e o Brasão foram criados e aprovados pela Câmara Municipal.

No período de 1976-1986, iniciam a instalação do conjunto habitacional Cidade Nova I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX pela COHAB/PA. O primeiro foi inaugurado em Dezembro de 1977 com 600 casas, o último foi inaugurado em julho de 1986 com 120 unidades habitacionais. A COHAB-PA fecha o ciclo de maior produtividade da sua história.

Em 1994, finalmente através de Concurso, na gestão do então Prefeito Exmo. Sr. Rufino Leão, é escolhido o Hino do Município de Ananindeua, autoria (musica e letra) da Sra. Cleucydia Lima da Costa.

 
BIBLIOGRAFIAS

• CHIAVENATO, Júlio José. Cabanagem, o povo no poder. São Paulo: Brasiliense, 1984.
• CHIAVENATO, Júlio José. As lutas do povo brasileiro. São Paulo: Moderna, 1988.
• CHIAVENATO, Júlio José. As lutas do povoado contra os elites. são paulo: moderno, 1989

•http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/pa/pa_comunidades_belem_abacatal.html

• ALMEIDA, Adrielson Furtado. Ananindeua e a sua identidade cultural. (Trabalho de conclusão do curso de Turismo) Centro Sócio-Econômico. Universidade Federal do Pará. 108 pg.

• MARTÍNEZ, Carlos. Aves: Ciconiiformes. IN: FERNANDES, M. E. B. (Org). Os manguezais da costa norte brasileira. Maranhão: Fundação Rio Bacanga, 2003. Pg. 81-104.

• Guia Geral de Estradas de Ferro do Brasil, 1960)

• Fonte: SIQUEIRA, J. L. F. Trilhos: o caminho dos sonhos (Memorial da Estrada de Ferro de Bragança). Bragança, 2008.

• LEÃO, Roberto Queiroz de. Maguary: vôo ao seu passado. Ananindeua, 1999.



















8 comentários:

  1. Sou filho do Maguari, atualmente morando no Amazonas e foi muito bom saber que a memória do lugar está sendo preservada por iniciativa de seu blog e do Adrielson. A propósito fui contemplado c/ um exemplar do livro Maguary: vôo ao seu passado de Roberto Leão (1999). Simplesmente, maravilhoso!

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  2. Sou bisneta de Jose Marcelino e Tereza Coutinho de Oliveira. Vc pode entrar em contato comigo através de cecilia_rio@hotmail.com Os netos de Jose Marcelino , q são minha mãe ( Ana Maria ), tios ( Pedro Paulo e Maria Thereza) ainda vivem e temos todos MUITAS boas recordações do Maguari !!

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  3. não me conformo de saber que no local da construção da primeira escola, a primeira fonte de água mineral, área com característica de bosque esta sendo devastada, sem que os devidos órgão,competente tomé qualquer providência.concernente a sua memoria cultural e paisagística" quinta carmita". MOVIMENTO EM DEFESA DO BAIRRO DO DISTRITO INDUSTRIAL.

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  4. Sou tataraneta de JOAO FERREIRA DA CUNHA. Proprietario legitimo de uma grande area do Aura. Bom saber que ele não esta vendo esta devastação em massa de um lugar que ja foi um paraiso, cheio de igarapés com aguas cristalinas, frutos dos mais diversos, rica fauna e flora, etc...

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    1. Obg. pela postagem Lea Cunha. Eu gostaria de entrevistá-la, pode ser?

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  5. Fiquei maravilhada!
    Sou formada em Licenciatura em Computação, trabalhei 9 anos como professora de inglês, mas sou APAIXONADA por história. Seu trabalho é maravilhoso, gostaria muito de incluir essas informações em nossos Passeios Pedagógicos. Quando montei o projeto pesquisei e tomei conhecimento das Ilhas de Ananindeua, mas por falta de tempo (desculpa de sempre) não me dediquei a visitar... Mesmo sendo repetitiva - que MARAVILHA de trabalho, espero ter um dia a oportunidade de conhece-la e conversar. Patrícia Beltrão

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  6. São postagens como essa Patrícia, que nos motivam a continuar lutando por um mundo melhor. Você é esperança! E vamos nos conhecer sim, em breve.

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